domingo, setembro 25, 2005

Há dias em que não se pode sair de casa

--- 1 --- VS --- --- 0

Textos: Black & White
Fotografias: PoveiroDeGema

No dia do reencontro com Rogério Gonçalves (hoje técnico do Leixões), os poveiros não estiveram bem à imagem daquilo que tem sido o Varzim desta época.
Se à entrada houve muita dinâmica, também é certo que a equipa que mais arriscou foi o Leixões, beneficiando do facto do Varzim jogar à espera do erro de um adversário que poucas vezes falhou.
Ainda assim, muitas e boas oportunidades poderiam ter dado golo ao Varzim, houvesse mais calma na linha da frente e jogadores com mais instinto de baliza.
Na lógica da rotatividade de jogadores, Horácio pôs Rui Miguel a jogar ao lado de Eliseu (ainda longe da melhor forma, depois da lesão) e de Mendonça na linha da frente, mas o resultado não foi o melhor. Rui Miguel foi voluntarioso, mas desacertado na hora de rematar à baliza ou quando era necessário ganhar lances aéreos. Eliseu correu muito, mostrou a garra do costume, mas faltou-lhe a mestria já demonstrada noutras exibições. Quanto a Mendonça, jogou e fez jogar, mas em várias ocasiões (algumas decisivas para o desenrolar do encontro) fez uma ou duas fintas a mais... faltou alguma objectividade ao internacional angolano.
Isto era um espelho da desinspiração de um colectivo alvi-negro que teve que lutar contra um adversário forte e bem organizado e (esta já começa a não ser novidade) contra uma arbitragem que pecou por falta de cartões a muitas entradas «arranca pinheiros» de jogadores do Leixões. Curiosamente, as melhores unidades poveiras estavam lá atrás: Nuno Ribeiro, Bruno Miguel, Nuno Gomes ou Emanuel estiveram em bom plano. E destes, destaque para o camisa 20. É um jogador discreto, mas hoje esteve particularmente operante no transporte do jogo ofensivo pelo lado direito. Contou com o sentido operário e com a raça habitual de Emanuel. Duas agradáveis exibições de jogadores que nunca viraram a cara à luta.
Mas injustos seríamos se não reconhecessemos a toda a equipa o esforço demonstrado em campo para pôr o marcador a funcionar. Mas por infelicidade ou por desacerto, a bola nunca viria a entrar na baliza de Baptista.
Leixões controlou na segunda parte
E se esse não era um dado propriamente preocupante, o que dizer depois do golo do Leixões? O lance desenha-se aos 60 minutos de jogo, quando Saric falha a intercepção de uma bola cruzada da direita. João Gonçalves aproveita uma abertura na defensiva poveira e com um mergulho à peixe anicha a bola na baliza varzinista.
Injusto? Talvez, até porque tínhamos acabado de sair de uma primeira parte em que nenhuma das equipas se sobrepôs muito uma à outra.
O pior estava para vir. O Varzim acusou, e de que maneira, o golo leixonense... ficou desnorteado e o Leixões ficou muito mais confiante e com meia hora para gerir o resultado. E o Varzim com mais 30 minutos de esperança em conseguir um resultado menos mau.
De louvar que, ao contrário de outros, os matosinhenses não alinharam muito pelo anti-jogo. Jogaram e até procuraram aumentar a vantagem... o que deu um interesse suplementar ao jogo.
Do outro lado, à medida que o tempo de reacção ao golo foi passando, o Varzim pegou nos cacos, colou-se e reentrou no jogo. De uma forma um pouco atabalhoada (às vezes incaracterísitica e inconsistente) lá se ia aproximando da área do Leixões.
Numa ou outra situação levou mesmo os adeptos matosinhenses a roer as unhas de nervosismo.
Cícero do Céu ao Inferno por um penalty
Passaram-se 15 minutos e nada de novo. O Leixões tinha o jogo controlado. Até que, num lance de contra-ataque, o Varzim surge na área adversária. Numa sucessão de ressaltos a bola sobra para Rui Miguel que desfere um remate sem nexo por cima da barra. Mas antes já o árbitro tinha visto uma violentíssima entrada a pés juntos sobre Nuno Gomes. Penalty nítido.
Os leixonenses desesperaram e a confiança tomava conta da bancada onde estavam os cerca de 200 adeptos varzinistas.
Mas a experiência ensina-nos a nunca gritar golo antes da bola entrar. Talvez a frase tivesse servido a um ou outro poveiro que já só via o marcador empatado.
Cícero, o mesmo da grande exibição em Marco de Canaveses e o autor do golo mágico frente ao Estoril, foi chamado a converter. Desilusão total. Baptista adivinhou o lado para onde a bola foi, o Varzim falhou o penalty e sentenciou o jogo aí mesmo.
O resto da história do jogo é uma busca desesperada e inglória por um golo do empate até ao último segundo. O Varzim foi uma equipa desinspirada e infeliz, mas com vontade de jogar. Valha-nos isso!
No fim, os adeptos voltaram a aplaudir e os jogadores voltaram a agradecer a presença dos seus apoiantes.

200 poveiros em Matosinhos não é um recorde de assistência, mas já vai sendo qualquer coisa. Esta equipa já provou aquilo que vale. Não são nenhuns fora de série, é certo. Mas podem dar-nos muitas alegrias este ano. E os varzinistas começam a perceber isso.

No final do encontro, Horácio Gonçalves elogiou uma vez mais a atitude dos seus jogadores, mas lamentou que equipa não tivesse sido suficientemente feliz para concretizar as oportunidades criadas: «Se não tivéssemos falhas, não perderíamos nenhum jogo». Disse-o e é verdade. Ou não fosse o erro humano. Mas vamos acreditar. Temos cinco jogos disputados e estamos em sétimo lugar. Não começámos mal de todo e ainda há muito campeonato pela frente.
EM FRENTE VARZIM!



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Jogo no Estádio do Mar, em Matosinhos
Espectadores: 3000
Árbitro: Paulo Pereira (Viana do Castelo)
Intervalo: 0-0
VARZIM: Saric; Nuno Ribeiro, Bruno Miguel, Nuno Gomes, Rafael Cadorin (Telmo, 81'); Emanuel, Pedro Santos (Figueiredo, 70'), Cícero; Mendonça, Eliseu (Costé, 70'), Rui Miguel

CARTÕES: Pedro Santos (49'), Rafael Cadorin (62'), Bruno Miguel (72'), Cícero (78')


MELHOR EM CAMPO: Nuno Ribeiro - Um jogador discreto que hoje ajudou e muito a conduzir a manobra ofensiva do Varzim pelo lado direito. Soube tirar partido do facto do Varzim não ter um ala esquerda que funcionasse bem e capitalizou as incursões quase exclusivamente efectuadas pelo seu flanco a seu favor. Entre três possíveis melhores em campo, o blog atribui a melhor exibição a um jovem jogador, economista e político. Mas acima de tudo a um grande varzinista. PARABÉNS NUNO! Fica uma palavra para Emanuel e Bruno Miguel: excelentes exibições. Emanuel com alma e raça; Bruno Miguel com juventude e irreverência. Só faltou mesmo um golo para que a festa fosse (quase) completa.

3 comentários:

Black & White disse...

Rivais em campo. Amigos fora das quatro linhas. Caros leixonenses, o nosso blog deseja-vos os melhores sucessos nesta época. Quanto aos incidentes foram seguramente perpetrados por pessoas estranhas ao futebol... e a quem o futebol (enquanto espectáculo e meio de convívio) também é estranho. Esqueçamos esses episódios. Por vós, por nós e por todos os verdadeiros desportistas, vivamos isto como deve ser: com fairplay.

VIVA O VARZIM! BOA SORTE LEIXÕES!

Ricardo Campos disse...

Foi pena! Tivemos azar.De certeza que foi apenas um percalço e continuaremos em breve a nossa boa campanha.
Não esqueçamos de que foi uma deslocação fora e na casa do Leixões.
Bem vindo Máfia Vermelha, parabéns pelo resultado e pela atitude aqui no Blog. Não tomei conhecimento dessas tristes ocorrências. Obrigado pela atitude. Dignifica a instituição que é o Leixões e que tem os pergaminhos que tem e concerteza a vossa claque.
Até à 2ª volta!
Felicidades e...

Ala-Arriba Varzim!
[Tribunal] - Superior Sócios

Paulo Dâmaso disse...

Boa sorte para o Varzim