quinta-feira, outubro 27, 2005

As estórias do papel químico

a opinião de Luís Leal*
edição fotográfica: PoveiroDeGema

O Varzim foi afastado da Taça de Portugal, numa quarta eliminatória em que houve muitas surpresas, uma delas... e das maiores... aqui ao pé da porta.
Muita gente foi da Póvoa ao novo Alvalade XXI e pôde constatar que não só a equipa poveira teve um bom comportamento, batendo o pé aos leões que nos últimos tempos têm andado um tanto desaustinados com as maleitas que os afligem, como também teve de arrostar com as habituais contrariedades que o mais internacional árbitro português da actualidade continua a reservar ao longo da sua carreira aos varzinistas.
É caso para se dizer que o Varzim, nesse jogo, foi vítima do papel químico. Senão vejamos: foi a papel químico que o trabalho de Lucílio Baptista prejudicou o Varzim, com os “originais” que vêm de há anos atrás; foi também a papel químico que se registaram os lances que deram os dois golos aos sportinguistas, com livres apontados junto à lateral direita do seu ataque, em que as bolas bombeadas para a área poveira, encontraram quem de cabeça fosse mais lesto a rematar a golo, dos que os defesas a irem lá cima tentar desviar. Como também foi a papel químico que foram “tiradas” certas faltas por parte do árbitro, que tiveram o condão de “empurrar” os leões para cima da equipa contrária – neste caso a equipa varzinista.
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«Não foi por acaso que o Varzim decaiu na segunda parte»
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O que não foi a papel químico, foi o que se passou entre a primeira e a segunda parte. Porque, na primeira, o Varzim actuou mais aberto, mais ofensivo, e se não fosse Ricardo redimir-se dos erros cometidos que lhe causaram o afastamento da equipa, esticando-se todo para evitar que o remate de Figueiredo levasse a bola a entrar junto à barra, talvez as coisas rumassem de outra maneira, até porque o guardião Barbosa só aos 34 minutos teve de actuar pela primeira vez, embora sem perigo.
Não foi por acaso que o Varzim decaiu um pouco na segunda parte: porque Telmo teve de abandonar o relvado, lesionado, ainda dentro dos últimos dez minutos do primeiro tempo por ter sido vítima de graves entradas de jogadores sportinguistas que não tiveram o castigo que mereciam, a obrigar uma substituição de emergência; e porque o Sporting foi buscar ao banco toda a “carne para o assador”, com a entrada de três “vedetas” atacantes como são Sá Pinto, Douala e Tello, em jeito de desespero do tudo ou nada. Enquanto o Varzim teve de se limitar a um banco debilitado, dentro das suas posses.
Sejamos coerentes: o Sporting mereceu vencer porque teve condições para isso, por mérito próprio e por interferências de terceiros. O Varzim fez tudo que estava ao seu alcance, mas… quem dá o que pode, a mais não é obrigado.
De resto, e já depois dos 2-0, a equipa poveira teve de actuar durante o último quarto de hora com menos um jogador por expulsão de Mendonça, num lance que teve tanto de injustiça por parte do árbitro na mostragem do amarelo, como de irresponsabilidade pelo lado do jogador que não pode reagir daquela forma, vendo de seguida o vermelho.
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Que justificação dará o árbitro para a expulsão de Horácio?
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Como foros de injustiça teve também a expulsão de Horácio Gonçalves, quando aconselhava calma a Eliseu, atingido na cara já fora das quatro linhas, junto à linha do meio campo. Vamos ver que justificação dará o árbitro no relatório, depois de ter atirado as culpas da expulsão para o quarto árbitro quando lhe foram perguntadas as causas da expulsão.
Este jogo em Alvalade já passou. Fica apenas para a história, com algumas estórias de permeio. Horácio queixou-se que no dia em que completava 200 jogos como treinador do Varzim fora expulso pela primeira vez. Mas lá foi dizendo que o mais importante para o seu clube é o Campeonato e que nos três dias de trabalho entre os acontecimentos de Alvalade e a ida a Portimão, vai preparar a equipa dentro dos condicionalismos criados pelo jogo da Taça de Portugal.
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Porquê mais adeptos em Alvalade e menos no estádio do Varzim?
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O que não dá para entender muito bem, é o facto de todos saberem que o mais importante para o Varzim é o Campeonato e não a Taça de Portugal (muito menos jogando para esta competição no campo de um dos grandes), e ver-se a quantidade de poveiros e de varzinistas que se deslocaram num dia de semana a Lisboa, a encher cinco autocarros e muitos mais automóveis; a mostrarem a sua presença no Estádio com constantes incitamentos à equipa alvi-negra; e a vaiarem o trabalho do árbitro, quando houve motivos para isso, entoando em coro cânticos identificativos dos “amigos do alheio”.
No entanto, para os jogos do Campeonato (de maior importância competitiva) acompanham a equipa “meia dúzia de gatos” (salvo seja). Nisso não há papel químico que iguale o que se passou num dia de semana em Lisboa…
Seria só por causa da viagem ser à capital? Ou para conhecer a nova “Catedral” do Alvalade XXI? Ou à espera talvez de ver um Varzim vestido com a pele de “tomba gigantes” – o que sabe sempre muito bem? Ou seria ao jeito de “Maria vai com as outras”, desde que a Direcção se interessou organizar excursões para o transporte de assistentes?
Fosse pelo que fosse, vamos esperar se nas próximas deslocações do Varzim (sem contar verdadeiramente com a de domingo a Portimão que fica muito longe), apareça nova vaga de euforia a apoiar a equipa varzinista, imitando o que se passou na quarta-feira em Alvalade. O pior é se vamos esperar sentados, sem ver esse apoio tão necessário para a carreira da equipa. Pelo menos que passe a engrossar o número de presenças no seu próprio campo – o que já seria muito bom, pois ultimamente as cadeiras registam muitíssimas clareiras.
Que ele há coisas que, por vezes, não se entendem muito bem, disso não hajam dúvidas. Querem melhor exemplo do que aquele que se acaba de apontar?
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*Jornalista do Comércio da Póvoa e director do jornal «O Varzim» escreve habitualmente neste espaço às quintas-feiras

2 comentários:

Ricardo Campos disse...

mais uma vez repito que deixámos boa imagem dentro e fora das 4 linhas...fizemos e fizeram tudo o que estava ao alcance de cada um (incluindo o senhor de amarelo, ou seria dourado...o do apito?)...

Esta pergunta é de facto pertinente e de facto muito perto de se tornar, quanto a mim, preocupante:

"Porquê mais adeptos em Alvalade e menos no estádio do Varzim?"

Ricardo Campos disse...

simples e directo...:)