sábado, outubro 01, 2005

Inexplicável. Inoperante. Infeliz.

--- 0 --- VS ----- --- 3


Texto: Black & White
Fotografias: PoveiroDeGema



O jogo era em casa. O Varzim vinha de uma derrota frente ao Leixões, num encontro marcado por uma exibição que não assim tão má.
Frente ao repescado Gondomar, o Varzim tinha uma oportunidade única para regressar às vitórias perante o seu público. É caso, portanto, para perguntar o que explica a hecatombe a que se assistiu.
Vamos por partes: o Varzim entrou bem, fez um arranque de 10 minutos em que esteve francamente à altura de uma equipa que quer dar cartas no campeonato. Mas aos 11 minutos cede um golo. Por sinal um grande golo, mas que em nossa opinião, resulta de um lance em que o jogador do Gondomar recebe a bola descaído sobre o lado esquerdo da defensiva poveira e remata já em posição irregular (?). Em todo o caso, é imperdoável o adiantamento de Saric que permite uma 'chapelada' de belo efeito. Delírio para os cerca de 30 adeptos que viajaram de Gondomar.
Gondomar beneficiou dos erros poveiros
O Varzim quis reagir. Foi a correr atrás do prejuízo (coisa a que já nos começamos a habituar), mas jogou sem sistema, sem sequência nem consequência... desconexo, inoperante na linha da frente. Mas sempre de tentativa em tentativa. E com o Gondomar à espreita de um erro varzinista que lhe permitisse subir perigosamente em contra-ataque.
Mas o problema do Varzim é que ou se fazia uma fintinha a mais quando a posição era privilegiada para rematar em plena 'carreira de tiro' (isso aconteceu sempre com Mendonça), ou os remates simplesmente não saíam ou quando saíam passavam ao lado, por cima ou iam à figura do guardião Murta, que foi sem dúvida a figura do jogo. Ou simplesmente quando os avançados passavam ao lado do jogo (o caso de Rui Miguel que - às vezes não dá para mais - jogou muito desamparado).
E depois há as situações de infelicidade pura, associada à desconcentração: o segundo golo dos visitantes (34 minutos) espelha bem isso. Antes, importa dizer que o canto que dá origem ao segundo tento gondomarense não existe. Contingências que não servem de desculpa à falha na intercepção do cruzamento por parte de Saric (novamente a errar) e que não justificam o último toque de Cícero (a reeditar uma exibição infeliz) para o fundo das malhas.
O Varzim desabava aí mesmo e o intervalo estava à porta.
Eliseu saiu ao intervalo. Porquê?
Horácio lá saberá o que faz... e não somos treinadores de bancada. Mas na nossa opinião, o Eliseu estava a ser o melhor em campo do Varzim. Pelo menos, era o menos mau num colectivo varzinista sem alma nem chama. Enquanto jogou encheu o campo: na defesa ou no ataque, pela esquerda ou pela direita, o jogador do Belenenses emprestado ao Varzim mostrou garra, vontade de disputar os lances. Mexeu, e de que maneira, com o lado esquerdo do ataque poveiro, bombeando várias bolas para a área do Gondomar. E ainda chegou a rematar uma ou duas vezes, mas sem consequências de maior para os forasteiros. Será que ainda são reflexos da lesão que o tem afectado desde há três semanas?
O certo é que para o seu lugar entrou Figueiredo. E na mesma substituição, Horácio pôs Costé em campo, sacrificando o médio Pedro Santos. O avançado francês foi o melhor do Varzim na segunda parte. Se na primeira parte, Eliseu foi a imagem do inconformismo poveiro (depois do 0-2 do Gondomar), no segundo tempo esse papel foi quase exclusivamente desempenado por Costé. Aliás foi da cabeça dele que saiu um dos lances que proporcionou a Murta um voo monumental para evitar que a bola se anichasse nas redes.
Uma desgraça nunca vem só
O golo não chegava (e nunca chegou a acontecer), mas baixar os braços é que não. A 18 minutos do fim, Horácio aposta em Anderson que entra para o lugar de Nuno Ribeiro. Foi o tudo ou nada na linha da frente, onde o Varzim pecou muito por desacerto... mas também por infelicidade. O próprio Anderson que o diga. Aos 80 minutos enviou uma bola de golo ao poste. Mas cinco minutos depois, Bruno Miguel repetiria a dose de azar ao mandar estrondosamente uma bola de ressaca à trave. Mnutos antes, também Figueiredo havia desferido um perigosíssimo livre directo, proporcionado uma defesa de reflexo ao guarda-redes gondomarense.
O Varzim jogou pouco mas hoje os deuses do futebol definitivamente não eram poveiros. E tanto não eram que logo a seguir ao lance em que Bruno Miguel abanou a estrutura do golo, o Gondomar sobe a toda a velocidade num contra-ataque venenoso e, com o Varzim todo lançado na frente, não tem dificuldade em fechar a contagem nos 0-3, resultado que põe o Varzim na nona posição, com os mesmos sete pontos.
Há dias assim. Quase como na semana passada. Daqueles em que, às vezes, a melhor fuga ao azar é mesmo não sair de casa.
Aproveitando o facto de no próximo fim de semana os campeonatos estarem parados por causa dos compromissos das selecções nacionais, Horácio e os jogadores têm duas semanas para reflectir sobre o que aconteceu este sábado frente ao Gondomar. A frase do técnico poveiro fala por si: «falhou tudo». Pois falhou. Resta-nos agora esperar que durante estes 15 dias se faça luz. Para que no Barreiro a festa se pinte em tons de preto e branco.
Mas antes disso, atenções voltadas para a Taça de Portugal: quarta-feira, dia 5, o Varzim recebe o Canedo (III Divisão). Uma boa oportunidade para dar um pontapé nos maus resultados e obter um score considerável? A ver vamos.
ALA ARRIBA VARZIM!
Porque o incentivo aos nossos rapazes deve ser visível principalmente nos maus momentos.
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Jogo no Estádio do Varzim SC, na Póvoa de Varzim
Espectadores: 1000
Árbitro: Augusto Duarte (Braga)
Intervalo: 0-2
VARZIM: Saric; Nuno Ribeiro (Anderson, 72'), Bruno Miguel, Nuno Gomes, Rafael Cadorin; Emanuel, Pedro Santos (Figueiredo, 45'), Cícero; Mendonça, Eliseu (Costé, 45'), Rui Miguel
CARTÃO: Bruno Miguel (72')
MELHOR EM CAMPO: Eliseu - O facto de ter sido substituído não retira o mérito ao que fez nos primeiros 45 minutos. Foi com a irreverência de Eliseu que o Varzim desenhou os lances que conseguiam chegar ao último reduto gondomarense sem atropelos. De resto atacou e ajudou a defender. Esteve no campo todo, mas foi substituído ao intervalo para dar o seu lugar ao homem que continuou a senda inconformada dos varzinistas. O francês Costé partilha com o número 10 poveiro o MVP alvi-negro neste encontro fatídico com o Gondomar.

2 comentários:

Ricardo Campos disse...

demasiado mau para ser verdade...
concerteza melhores dias virão!

Ala-Arriba Varzim!
[Tribunal] - Superior Sócios

ma disse...

Não vi o jogo, mas independentemente disso, este relato está muito bem conseguido.