
a opinião de Luís Leal
jornalista do Comércio da Póvoa
e director do jornal «O Varzim»,
escreve habitualmente neste
espaço às quintas-feiras
Estava muito descontraído a assistir nesta quarta-feira ao treino do Varzim em Arcos de Valdevez, quando dei por mim a contar os jogadores que saíram das escolas varzinistas e que formavam a equipa poveira na ponta final do confronto pouco amigável e menos aconselhável com o Atlético de Valdevez. E logo dei conhecimento dessa particularidade ao pequeno grupo de amigos que me rodeava, figuras ligadas à vida do clube e à principal equipa de futebol.


Na defesa estava o guarda-redes Ricardo e o quarteto formado por Tiago Lopes, Campinho, Neto (ainda júnior... foto de cima) e Nuno Ribeiro; a linha média era constituída por Pedro Santos, Tito e Luca (também ainda júnior... foto de baixo); e na frente apenas Pedrinho, já que Rui Miguel e Cícero não fazem parte dos “rebentos” varzinistas. E se juntarmos a estes, Alexandre que estava a assistir na bancada a esse jogo-treino por ter fracturado um pulso, o número de jogadores da Universidade Varzinista (como dizia o Neca Milhazes), sobe para dez. E se ainda juntarmos Emanuel e Rui Barbosa que se iniciaram nas camadas jovens do Varzim, temos doze jogadores do actual plantel às ordens de Horácio Gonçalves “feitos” na própria casa. E se quisermos ir mais longe, podemos incluir Mendonça nessa “fornada”, pois veio de Angola para o Varzim com apenas 16 anos (mais ou menos), formando-se, portanto, no clube alvi-negro.
Universidade Varzinista dá cartas fora de portas
Isto acontece numa altura em que muitos clubes se preocupam mais em recrutar jogadores de diversas procedências, quantas delas duvidosas, do que, propriamente, os criar nas suas próprias “canteras”, dando oportunidade à juventude da terra.
Se há clubes como o Varzim e outros de maior nomeada, como o Sporting (principalmente), onde muito se aproveita os jovens do próprio clube, temos, por outro lado, exemplos desaconselháveis a serem seguidos nesse aspecto. Como acontece com os dois clube da Madeira a disputarem a Liga.
Um deles, o Marítimo, tem 20 jogadores estrangeiros - 16 do Brasil, dois da Eslovénia, um da Holanda e outro da Bulgária – e apenas 7 portugueses. O outro, apesar de se chamar Nacional, é mais estrangeiro do que português nos jogadores que conta no plantel, com apenas 11 lusos (um deles Miguelito que se iniciou nas escolas varzinistas) e 15 oriundos de várias nacionalidades, com o Brasil em destaque ao dar 11 jogadores (como é normal neste país seu 'irmão'), e outros da Suíça (o guarda-redes Diego Benaglio que defrontou recentemente Portugal no apuramento para o Europeu Sub-21), da Espanha e dois da Argentina.
Nesta hora recordo o que um dos mais carismáticos presidentes do Varzim, há bastantes anos, pronunciava quando começaram a aparecer os problemas fiscais para os clubes de futebol. Dizia ele: “Quando os clube tiverem as suas equipas constituídas à base do que eles próprios produzem nas suas escolas, a verdade do futebol passará a ficar mais cristalina e, então o Varzim poderá considerar-se como um dos maiores clube de futebol do país”.
Não sei se essa ideia ainda prevalece dentro dessa figura de destaque do Varzim. Mas que, transmitida nessa altura, tinha foros tanto de realidade como de exemplar, lá disso ninguém duvide. Como também não merece qualquer dúvida o facto de ser mais cristalino se os clubes pusessem em jogo equipas formadas pelas suas mãos, moldando-os à sua própria imagem.

Daí que não se compreenda que se torne num cavalo de batalha o facto do Varzim aspirar a uma Academia, como por vezes se ouve, se diz e se escreve por esta Póvoa fora… Porque não? Será por Academia ser um nome pomposo? E não seria também pomposa a classificação de Universidade?
Seja como for, ou simples Escola se assim entenderem, o certo é que da forma como se trabalha a juventude dentro do Varzim, não pode continuar. Muito embora as condições melhorassem um pouco nos últimos tempos com os “sintéticos” do Município e com o seu relvado a servir para os jogos do Nacional de Juniores, além de um dia por semana para a preparação da equipa profissional. Mas é um remedeio, sem a autonomia necessária, pois os recintos servem (e muito bem) para outros clubes poveiros a nível distrital e popular.
Pode tudo isto ser, para já, um sonho. Mas também me pareceu um sonho ver mais de uma dezena de jogadores criados nas escolas varzinistas a fazerem parte da equipa principal naquela tarde friorenta desta última quarta-feira nas paragens do Alto Minho, a quem o Rio Vez empresta o seu nome. Porque, há anos atrás, seria possível ter essa ideia, na formação do plantel profissional? Quem disser o contrário mente com todos os dentes que tem na boca, como diria certa pessoa que há muitos anos passou a porta do além…
7 comentários:
Parabéns a editoria do Preto no Branco por este magnífico post.
Grande texto do senhor Luís Leal. Pertinente, oportuno, justo e mais que justificável.
Tinha algumas coisas para dizer mas não quero respetir, porque o nosso amigo cefas roubou-me as palavras. Parabéns excelente comentário. Focaste os pontos que mais acho primordiais nesta questão.
Apesar de não jogarem tantos e com tanta frequência, é bom de ver tantos jovens formados as camadas jovens no plantel. Se lhes souber adicionar experiência e qualidade vindas de fora, penso estarmos no bom caminho, já que por si só jovens (e sei que os mais jovens que se falaou tem mesmo valor) não podem garantir resultados.
Ala-Arriba Varzim!
[Tribunal] - Superior Sócios
Não vou abusar da brilhantina (gel) no cabelo do Luis Leal, mas não deixo de lhe dar razão de que o futebol deve ser feito com jogadores da casa..incluindo o meu patricio Mendonça e outros Mangoleses...sem aquelas transferências milionárias que só empobrecem o puro futebolês!
Gostei bastante do q li...
Tive o prazer de conviver c este grd varzinista nos iniciados no famoso torneio de santarem onde fomos finalistas vencidos pelo Vitoria de Guimaraes...
Aprendi mto no varzim, n em termos desportivos mas como homem...é realmente na formacao q clubes como o varzim tem de investir para crescer...o varzim é neste momento 1 clube pobre e n se pode dar luxo de comprar jogadores caros q n tem metade da qualidade q encontramos nas camadas jovens...se conseguirmos aliar jogadores experientes com jogadores jovens fruto do clube com certeza conseguimos 1 equipa mto competitiva...
Infelizmente o "chuto" q eu levei ao fim de 8 anos ao servico do clube (onde a equipa em q estava inserido subiu os juvenis ao nacional,fomos campeoes de serie no nacional a frente de braga,guimaraes e rio ave,ganhamos o 1ºtorneio Ala Arriba ao fim de 10 anos de existencia e por fim subimos ao nacional de juniores apos anos de tentativas)muitos ainda o vao levar e muitos levaram antes de mim...
A evolucao do clube tem de ser feita por todos dirigentes,socios,preparadores fisicos,treinadores,atletas,secretarios,roupeiros...etc. Todos temos de remar p o mesmo lado...acho q qt mais profissional for o clube e mais gente competente e sem interesses estiver la maior evolucao ira existir...
Ja fui 1 grd varzinista e agora n o consigo ser por causa de alguma revolta q ainda sinto...
MidNightganG aKa etorrat
Greetings from the USA.
Grande Luis Leal.
Grande texto, numa perpectiva lúdica muito interessante.
Um abraço, cumprimentos à familia.
http://euvimeninos.blogspot.com
etorrat gostei muito do teu texto. é uma experiencia pessoal de alguem que esteve lá dentro muito tempo...infelizmente levaste o "chuto", só tenho pena que a revolta que ainda sentes te impeça de ver os jogos ao meu lado. Tu que tens um número de sócio que invejo. Como amigo, espero um dia, num futuro próximo, conseguir convencer-te do contrário. Tens razão no "remar para o mesmo lado" e acho que isso pode estar próximo...
Agora entre nós, o 3º parágrafo a contar do fim...é mm à etorrat...:P
abraço mano
Etorrat, podes até guardar rancor a quem te deu o chuto... mas o VARZIM é muito mais do que quem te fez isso. O VARZIM SOMOS TODOS NÓS... UNIDOS PELO CLUBE E PELA TERRA. A nós, pouco importa se é A ou B ou C que está ao leme. As pessoas passam, o clube fica... e com ele o VARZINISMO.
Junta-te à família! Festeja as nossas vitórias e chora as nossas derrotas connosco. JUNTOS SEREMOS AINDA MAIORES!
UM GRANDE ABRAÇO E CONTINUA A PASSAR POR CÁ ;) Tal como todos os que por aqui passam se sentem em casa, queremos que também tu te sintas.
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