Evitar a 'guerra' em dia de paz

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a opinião de Luís Leal
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jornalista do Comércio da Póvoa
e director do jornal «O Varzim»,
escreve habitualmente neste espaço
às quintas-feiras*

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O Varzim completou 90 anos de existência no dia 25 de Dezembro, tendo essa data, como de costume, sido comemorada com uma sessão solene na sede e uma romagem ao cemitério.

Ou seja, um dia especial para os vivos prestarem homenagem aos que já foram para o Além e que, no decorrer das suas vidas, muito contribuíram para o mais representativo clube poveiro chegar onde chegou, após uma longa caminhada de quase um século.
Não faltava quem estivesse à espera, na sessão evocativa do aniversário, que os oradores se pusessem a falar sobre o tão momentoso assunto relacionado com o novo Estádio. Até devia estar alguém de “orelha afiada” pronto a receber o troco de alguns ataques mais ou menos inflamados, tornados público nos jornais e rádios locais.

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Depois das 'guerras' no Reino Varzinista o melhor foi procurar a paz

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Mas uma onda de bom senso pairou no dia em que se anuncia aos quatro ventos, a propósito no Nascimento do Redentor, “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade”. E depois de certas “guerras” no Reino Varzinista, o melhor, de facto, foi procurar a paz entre os homens que, seguindo as boas vontades daqueles que desde 1915 elevaram o nome do Varzim, estavam a festejar a efeméride do clube dos seus amores.
De facto, como dissera o presidente do Varzim (e teve a anuência do líder do município poveiro), aquele não era o momento propício para polémicas, para sim de paz.

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Monsenhor Pires Quesado há 40 anos: «... que a Póvoa seja toda do Varzim, que o Varzim viva sempre este tempo todo para a Póvoa»

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E ao ser evitado que num dia de festa e de reconciliação se entrasse por caminhos sinuosos na discussão acalorada de assuntos mais prementes da actualidade do clube (como por vezes se tornava “prato forte” das intervenções dos oradores nas sessões do aniversário do Varzim), enquadraram-se bem as recordadas palavras do saudoso Monsenhor Pires Quesado proferidas e escritas há cerca de 40 anos. Dizia ele, que não era poveiro mas sentia as coisas da Póvoa e do Varzim como poucos: “Qualquer pessoa bem formada, tem obrigação moral para se interessar pelos problemas da sua terra. E o Varzim é uma realidade com que a Póvoa tem de contar. Este é o meu voto, que a Póvoa seja toda do Varzim, que o Varzim viva sempre este tempo todo para a Póvoa. Autoridades da nossa terra: queremos que o Varzim seja eterno, como eterna queremos a nossa Póvoa”.
Passadas quatro décadas após esta vontade expressa do Monsenhor Pires Quesado, o Varzim manteve-se vivo, tendo dado mostras de querer de facto ser eterno, mas também tem encontrado muitos escolhos na longa caminhada.
E quanto ao desejo de que as autoridades têm de apoiar o prolongamento da vida do clube poveiro, não tem havido razão de queixa, pois está por demais evidenciado que o Varzim sem o apoio da Câmara, não podia resistir muito tempo para dar continuidade à sua vivência desportiva, principalmente.
É por isso que, talvez levando a peito as palavras do saudoso Monsenhor que da Capital do Alto Minho veio para a Póvoa como prior da Matriz e lá subiu os degraus hierárquicos para se tornar numa grande figura da Igreja, o presidente da Câmara entendeu por bem seguir a ideia do presidente do Varzim e não falar das polémicas que envolvem o clube na actualidade.

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Maquete do novo estádio (in site do Varzim)

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Macedo Vieira, pela primeira vez desde que lidera o município poveiro, esteve calado na sessão evocativa do aniversário do Varzim. O que foi bastante sintomático, já que não faltava quem estivesse à espera de um discurso que envolvesse toda uma grande polémica levantada em redor do Estádio novo, até porque a sua acção nesse empreendimento pode ter muita interferência na resolução final.
Nesse dia 25 de Dezembro de 2005, houve de facto, “homens de boa vontade” entre os que participaram na sessão levada a efeito nas remodeladas instalações debaixo da bancada central do Estádio do Varzim, fazendo delas não só o aproveitamento de dependências totalmente degradadas, mas instalando, ali, embora provisoriamente, a sede e os serviços administrativos do Clube. E não lhe dando um aspecto de qualquer porão, como, depreciativamente, fora dito publicamente, em referência ao local das reuniões da Direcção e do Conselho Varzinista.
O Natal já passou. O ano novo vem a seguir. E este que seja o mais feliz para todos. Quanto ao tão polémico assunto do processo em curso, que seja discutido com a maior ponderação no local certo que é a Assembleia Geral. Já que, como dissera Monsenhor Pires Quesado, “qualquer pessoa bem formada tem obrigação moral para se interessar pelos problemas da sua terra e o Varzim é uma realidade com que a Póvoa tem de contar”.

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Novo estádio não é só do Varzim... tem de ser para toda a Póvoa

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Nada mais certo seguir estas palavras na discussão à volta do novo Estádio, já que ele não pode ser só do Varzim, mas também uma maior valia para a Póvoa, portanto a merecer o apoio não só dos associados varzinistas (que pouco dão além de polémicas e do valor das quotas), mas principalmente das “autoridades da nossa terra” para que “a Póvoa seja toda do Varzim e que o Varzim viva sempre este tempo todo para a Póvoa”. O que se enquadraria bem na grandeza da terra e do próprio clube.

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* excepcionalmente esta semana a crónica de Luís Leal teve de ser publicada hoje. Pelo facto, pedimos desculpas aos nossos leitores.