quinta-feira, dezembro 15, 2005

Mais união e menos confusão

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a opinião de Luís Leal
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jornalista do Comércio da Póvoa
e director do jornal «
O Varzim»,
escreve habitualmente neste espaço
às quintas-feiras


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Continua a história da construção do Estádio do Varzim a dar muito que falar.
E também a motivar que várias pessoas tenham vindo a público opinar nem sempre dentro das boas normas.
O Conselho Varzinista voltou a reunir ontem, quarta-feira, para se debruçar novamente sobre tão momentoso assunto. E houve de tudo um pouco: desde a intervenção polémica de Vasco Oliveira, à mais esclarecedora e mais aproveitável da sessão a cargo do vereador camarário Aires Pereira (que considerou séria e bem apresentada a proposta da Direcção), passando pelas palavras de Macedo Vieira que nada tiveram de desabono em relação ao trabalho apresentado e às explicações e esclarecimentos dados pelo presidente da Direcção do Varzim, tudo serviu para um melhor esclarecimento das coisas.
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Com um voto contra e três abstenções no Conselho Varzinista, a função dos sócios é vital na Assembleia Geral de 8 de Janeiro
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O facto de entre os conselheiros, só haver um voto contrário de Vasco Oliveira, com três abstenções (Lídio Marques, Linhares de Castro e Macedo Vieira, este considerado como “voto político”), só por si diz do direito que os associados terão de exercer nos trabalhos da Assembleia Geral que reunirá especialmente para debater este assunto no dia 8 Janeiro.
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Uma breve retrospectiva histórica
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Nesta hora, em que tanto se fala de saudosismos de outros tempos, de familiares que se debateram pela compra dos terrenos onde no princípio da década de 30 foi construído o Campo do Varzim, devia vir à lembrança da gente, todos quantos, praticamente, viraram as costas ao “cerco” que foi feito, paulatinamente, ao Estádio do Varzim, desde o Desportivo da Póvoa que encostou o seu Pavilhão à parte sul do Estádio, não o deixando crescer para esse lado, ao estrangulamento feito no topo norte, com a edificação de grandes prédios, ao ponto de nem sequer deixarem um arruamento mais amplo do que aquela passagem para peões.
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Aspecto do topo sul do Estádio do Varzim (foto: www.stadionwelt.de)
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Para maior escândalo, autorizaram que nas costas do campo de treinos fossem construídas garagens que lá estão no domínio público sem qualquer respeito pela urbanização naquela zona a norte da praia de banhos (ou até nela incluída, com o seu crescimento), no sentido de impedir que o Varzim viesse a beneficiar dessa parcela. Outra aberração, foi a autorização dada para se construir em altura praticamente em cima do campo de treinos, a nascente desse campo, sem respeito pelos direitos do Varzim, apesar de numa assembleia geral se anunciar que a cedência desses direitos, fora feita “mediante contrapartidas para bem do Clube”, como está em acta, e nunca se soubesse quais foram essas contrapartidas, mas sim o estrangulamento dos terrenos do Varzim, o que está à vista de todos.
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Onde estavam as vozes discordantes quando se faziam estes atentados ao património do clube?
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Quando se faziam esses autênticos atentados ao património varzinista, não foram levantadas vozes discordantes, impeditivas, nem se evocaram, como agora, os sentimentos familiares, de mistura com o tão propalado amor clubista.
A história do Varzim faz-se com documentos e não com lendas. E neste caso do Estádio do Varzim, quem pensaria, naquela altura, que em terrenos tão despovoados, arenosos ou de cultivo, como eram os existentes a norte da Póvoa, a própria Póvoa fosse ao encontro do Varzim, começando a estender os seus braços urbanísticos, de mistura com os interesses imobiliários e com as bênçãos camarárias daquele tempo, ao ponto do Estádio ficar totalmente estrangulado.
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Superior de Sócios... uma bancada com saudades de enchentes (foto: www.stadionwelt.de)
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Agora que se quer dar outra feição ao Estádio, não só para bem do Varzim como da própria Póvoa, a exemplo do que tem vindo a acontecer por essas terras fora deste nosso Portugal, armam para aí um “pé de vento”, andando muita gente de vários quadrantes, mais interessada em saber quem vai ser o “pai da criança” do que, propriamente, tratar o assunto como deve ser, não como sendo desta ou daquela pessoa, não com este ou aquele saudosismo mais exacerbado, mas sim com o sentido de saber ao certo o que mais interessa para o Varzim e para a Póvoa que o viu nascer e crescer, e vê-lo caminhar em direcção ao centenário que vem daqui a uma década.
Não há dúvida, nem é novidade para ninguém, que o Varzim atravessa uma grave crise financeira, como aliás atravessa a esmagadora maioria dos clubes de futebol, para já não dizer o próprio país. Sabe-se que o clube não tem dinheiro para mandar fazer um novo Estádio nos terrenos do actual. Sabe-se também que esse Estádio foi crescendo, ao longo dos tempos, sempre com as ajudas camarárias, quantas vezes camufladas para que o dinheiro reforçasse o plantel profissional.
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Novo estádio do Varzim: uma mais valia que se ergue na Póvoa
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Portanto, há que conseguir, com contrapartidas, que apareça alguém, como já apareceu, a dar uma ajuda para que o Varzim tenha um novo Estádio que, afinal, será sempre uma maior valia que se ergue na Póvoa. E, acima de tudo, seguir a doutrina dos antepassados, quando foram comprados os terrenos com o custo das acções de particulares, amigos ou não do Varzim – numa união de esforços que visava o próprio interesse da terra, sem as divisões que agora se registam por aí, de mistura com insinuações à dignidade das pessoas que estão envolvidas em todo um processo de grande envergadura.
Acima de tudo que haja mais união e menos confusão, para bem de todos.

2 comentários:

Ricardo Campos disse...

Consordo com o texto do Sr. Luis Leal e mais uma vez com o excelente comentario do cefas.

Penso que Estádio Novo é uma oportunidade de ouro para o Varzim evoluir, quer em termos de infra-estruturas, património, resolução de probelmas financeiros e dividas.

Não sou cego nem tão pouco visionário e por isso sei bem que é uma questão complexa.
Levantam-se questões que me ultrapassam como os indices, os valroes e as contas, os patrimónios,etc materias que nao domino sinceramente. Por isso vou esperar por esclarecimentos.
Tambénm se levantam questões como a localização do estádio...compreensível, principalmente para os mais antigos e de maior idade...mas penso que as coisas evoluem, se nao nunca pensaremos no futuro entao, andaremos sempre agarrados ao passado...ha quanto tempo nasceu o estadio? como era a Povoa naquela altura? quais era os seus "limites"? e agora quais são os "limites"? qual que percentagem de poveiros que habita a zona mais ala da cidade e não ao central? tambem para la do estadio pouco mais havia, agora nao e assim, automoveis tambem os havia? e autocarros como funcionavam? e isto não é só na Póvoa...são tantos os exemplos...

Se não olhem para aqui para o lado, o exemplo do...Rio Ave!
Onde era o antigo estadio lembram-se? bem perto da praia nao? bem perto do centro não?
E agora onde está ele?
e passados estes anos alguem se queixa? Novos, velhos todos (va la tambem nao sao muitos :P) vão à bola!
Nos outros locais, nos outros clubes dá...no nosso não!

Porquê?

Porque juntarmo-nos todos pelo bem daquilo que dizemos que gostamos ou dá muito trabalho, ou nos da gozo ver as coisas andar para tras, ou porque temos medo que alguem faça isto andar para a frente e fique ele com os louros e nao eu ou seja la pelo que for...

...ou sera que temos medo de sermos grandes, de termos a dimensão que sempre merecemos?

Pensem nisso...

Termino com a frase do cefas "tome-se uma decisão... aí,não se esqueçam,cada sócio é um voto..e ninguém votará por mim, disso tenho a certeza.."...nem por mim! O poder é dos sócios...

Anónimo disse...

A este assunto bem que que se poderia aplicar o que diz um certo spot publicitário: "eles falam, falam, falam e não dizem nada!!!"
São jornalistas "caseiros", ex-dirigentes, associados, não associados, actuais dirigentes e cândidatos a cândidatos...
E depois lá aparecem motivos para a história do velho, o rapaz e o burro, do Luis Leal...
Não falta quem se atreva a mandar o seu bitaite, como é apanágio do portuga! Sabemos "de tudo um nada"!...
Há quem propale que um estádio de futebol não deve estar situado dentro da cidade, muito menos junto à praia!? Conheço estádios que estão bem dentro das cidades e não é por isso que vem mal ao mundo! È certo que com desertificação dos espectadores relativamente aos clubes de futebol a que hoje se assiste, ter o estádio ali mesmo à mão para ir assistir a treinos ou a jogos já pouco conta... O que interessa é o dinheirinho da TV!!! Ao "resto" chamam-lhes "indios"...
Uma coisa é certa, o clube tem uma Direcção eleita para gerir os seus destinos! Eu sou de opinião que o clube não deveria desfazer-se do seu património com a alegação de modernização e oportunidade para ter dinheiro que pague as suas dívidas. Se hoje já vale o que vale, amanhã valerá muito mais!...
Com obras de restauro bem pensadas, quer no campo principal quer no de treinos, o clube ficaria bem servido por largos anos e manteria "vivo" aquele mítico estádio onde muitos varzinistas viveram muitas tristezas mas também enormes alegrias como a 1º. subida à 1ª. divisão. Algumas dessas almas de fervorosos varzinistas (que desempenharam altos cargos no clube ou simples sócios ou adeptos) até já não estão entre nós!
Não sou especialista em negócios imobiliários, confesso. Pelo menos em memória dos que muito lutaram para conseguirem aquela "casa", faça-se o que for melhor para o Varzim que de certeza absoluta irá ao encontro da ambição dos varzinistas, sejam Castristas, Oliveiristas ou outros...