O velho, o rapaz e o burro... em versão actual

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a opinião de Luís Leal
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jornalista do Comércio da Póvoa
e director do jornal «O Varzim»,
escreve habitualmente neste espaço
às quintas-feiras

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Por vezes a “história do velho, do rapaz e do burro”, por muito velha que seja, ainda pode servir de lição a muita coisa, para dar exemplos ao mundo.
Foi o que me saltou à ideia quando no domingo, após o jogo do Varzim com o Olhanense, na conferência de imprensa, alguém se lembrou de questionar ao treinador da equipa varzinista, coisas passadas com a contratação de jogadores para a presente temporada, em relação aos guarda-redes. Isto, reparem bem, precisamente quando Horácio Gonçalves teve o arrojo (chamemos-lhe assim) de prescindir dos serviços do sérvio Saric, optando por chamar à equipa o jovem poveiro Ricardo, dado que Barbosa, que tinha vindo a ter assinatura na equipa, se lesionara no jogo anterior com o Vizela.

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Ricardo rubricou uma exibição prometedora

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Ainda se Ricardo tivesse comprometido a equipa com uma exibição menos boas, vá que não vá, o reparo até ficaria menos descabido. Agora quando o jovem poveiro até rubricou uma exibição prometedora, não sendo por ele que o Varzim não ganhou ao Olhanense, antes pelo contrário, até fazendo poucas mas seguras defesas, então o caso muda de figura.
Só por espírito de perseguição e incompreensão, ou outro qualquer motivo que nada tem a ver com o que se passou no jogo, se pode questionar tal assunto. E por isso é que não gostei, francamente, que um colega da informação local, viesse a terreiro, em tom crítico, abordar um caso que estava fora de questão.
Aí então é que vem a tal doutrina “do velho, do rapaz e do burro”.
Apregoa-se aos quatro ventos, nos meios futebolísticos varzinistas e até fora deles mas dentro das coisas da Póvoa, que a melhor doutrina a seguir dentro do Varzim era criar jogadores nas suas fileiras capazes de representar o clube da melhor forma no futebol profissional. Critica-se, várias vezes, que o clube não sabe aproveitar convenientemente o que cria nas suas escolas, pois quantos jogadores saem de lá para se evidenciarem noutros clubes (quando se evidenciam), ou então dispersam-se por divisões secundárias, ou até abandonam a prática do futebol.
E quando aparece um treinador que, certamente, ao reconhecer que a escolha feita no princípio da temporada, no recrutamento de jogadores, não foi tão feliz como esperava, a recorrer a um ex-júnior para preencher um lugar de tanta responsabilidade como é o de guarda-redes, em vez de se apoiar tão opção, vem-se a terreiro fazer insinuações direccionadas ao treinador, em relação às opções da constituição do plantel no início da temporada no que diz respeito à não continuidade do guarda-redes da época anterior. Francamente!…
Então em que ficamos? Qual a política a optar: lançar a prata da casa, ou desprezá-la?

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Ao chamar Ricardo à baliza, Horácio reconheceu publicamente que a contratação de Saric não foi feliz

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Horácio Gonçalves, ao recorrer ao jovem Ricardo, foi como que uma forma de dizer publicamente que não foi feliz com a contratação de Saric. Como aliás já dera prova disso quando, anteriormente, optara por Barbosa, considerado, à partida, o segundo guarda-redes.
Ora como o que não tem remédio, remediado está, o trabalho de um treinador é tentar dar a melhor solução. Foi o que Horácio Gonçalves fez. E como é ele o responsável pelo plantel varzinista, a resposta dada à insinuação pública foi, deveras, de quem sente o peso da responsabilidade, dizendo que o Varzim tem três guarda-redes e compete ao treinador a escolha de um deles para jogar. Porque o plantel está constituído, está fechado, e nem o novo período de inscrições pode motivar alterações devido às graves dificuldades financeiras que o clube se vê a braços. Portanto, há que cuidar convenientemente do “material” existente.
Ao recordar, nesta hora, a tal história que serve de mote a este apontamento, falta só saber ao certo, no caso da escolha de um jovem e promissor guarda-redes (que até já tinha sido utilizado na equipa varzinista nos dois últimos jogos da época passada, na Vila da Feira e na Póvoa com o Felgueiras), quem é, verdadeiramente, o velho (do Restelo), o rapaz (dos recados) e o burro que, no sentido figurado, pode ter vários intérpretes.

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Que Ricardo passe de guarda-redes grande a grande guarda-redes

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Pela parte que me toca, gostava que outros Ricardos, sejam eles guarda-redes, defesas, médios ou avançados, aparecessem na equipa principal do Varzim, oriundos da Universidade Varzinista – como classificava o Neca Milhazes que tanto carinho depositou ao Sector de Formação do Varzim. Isto sem desprimor para com os jogadores que vêm de outras procedências, pois seria impensável formar um plantel de profissionais só com gente da própria terra.
E quanto a Ricardo, desejo que ele, que é um guarda-redes grande, se transforme num grande guarda-redes, para seguir uma carreira tristemente interrompida do seu tio Dias Graça, já que optou pelo lugar entre os postes, quando seu pai, o Quim Brasileiro, actuava um pouco mais à frente, a defesa central…