quinta-feira, setembro 22, 2005

«Na luta dos Gonçalves que seja Horácio o mais forte»

a opinião de Luís Leal*
** por problemas técnicos com o sistema de postagem de fotos do blogspot.com não nos é permitido publicar as imagens que acompanham a crónica de Luís Leal. Aos leitores do blog, apresentamos o nosso pedido de desculpas.

Na Liga de Honra, o Varzim desempatou a seu favor. Depois de ter sofrido uma vitória, um empate e uma derrota, desta vez, frente ao Estoril, somou mais um triunfo.
Pelo que, à quarta jornada o saldo é positivo. Para além disso conseguiu averbar o primeiro triunfo entre muros, e com isso aplicar a primeira derrota à equipa estorilista que, pelos vistos, anda com ares de quem quer regressar ao convívio dos grandes.
Neste meio da semana, em que se deve pensar mais no que vem pela frente do que no que ficou para trás, não interessa muito escalpelizar o que se passou na tarde soalheira de sábado, no Estádio do Varzim, nem a forma como foi obtida uma justa e oportuna vitória para as cores alvi-negras.
O que mais interessa, é saber-se o quanto vale esse triunfo para a carreira do Varzim. Porque se ele não tivesse acontecido, não só a equipa poveira se atrasava na caminhada para o lugar que se propôs estabelecer para esta temporada, como deixava um dos seus mais directos concorrentes fugir um pouco à perseguição.
Dizer da justiça desse triunfo, toda a gente que viu o jogo tem-no dito e redito. Mesmo os mais cépticos, aqueles que por muito bem que corram as coisas, encontram sempre motivos para falar mal.
«Pela primeira vez neste campeonato (o Varzim) não teve de correr atrás do prejuízo»

O que mais interessa é que o Varzim venceu e convenceu tudo e todos, somando mais três pontos com toda a justiça. Para além disso, pela primeira vez neste Campeonato não teve de correr atrás do prejuízo, como nos jogos anteriores, porque, pela primeira vez também, não sofreu golos antes do intervalo, como tinha acontecido frequentemente.
Ora, sem golos consentidos, só teve que ditar a sua habitual lei de ser mais forte que os adversários na segunda parte, como tem sido usual, para chamar a si o triunfo.
Foi isso que esteve na base da vitória frente ao Estoril, uma equipa que apesar de andar na época passada na alta roda do futebol português, e de se ter vindo a arvorar como sério candidato à subida de Divisão, se apresentou na Póvoa com certa timidez, usando e abusando do futebol longo, directo para os seus dois avançados de maior porte atlético. Nesse aspecto, o Varzim não foi na cantiga do contra-ataque e, reunindo as suas armas tácticas, acabou por não autorizar que o adversário levasse avante as suas intenções, antes anulando-as, ao ponto de apenas consentir dois lances de maior apuro, ante mais de meia dúzia de remates que causaram perigo às redes estorilistas.
Foi feita justiça na vitória poveira, por sinal pela mão (neste caso pelo pé-canhão) de Cícero, sem dúvida o jogador que mais merecia marcar golos, pois foi ele que mais os procurou com remates intencionais, mas, por norma, falhados por falta de objectividade concretizadora.
HORÁCIO GONÇALVES: «Venha o próximo (...) estamos preparados para vencer»

Agora, há que pensar no senhor que se segue. “E que venha o próximo, pois estamos preparados para vencer”, como disse o treinador Horácio Gonçalves, depois da vitória sobre o Estoril, em que não se esquivou de endereçar louvores à actuação dos seus jogadores e também da massa adepta que, pelos vistos, já teve o condão de a conquistar, pelo menos até agora, pelos exemplos registados e enquanto a equipa estiver a dar boa capacidade de resposta.
No próximo domingo o Varzim tem um “osso duro de roer” – salvo seja. Pois jogar em Matosinhos é sempre difícil. Defrontar um Leixões entusiasmado nos últimos tempos, mais difícil se torna. E se a antevisão não enganar, há também que contar com um cunho de rivalidade que vem desde longos anos, em que uma certa vingança dos leixonenses, desde que o Varzim lhes “roubou” as melhores vedetas na década de 70, não se esquece com facilidade.
Para além disso, é mais um jogo de um Campeonato envolvido de grandes dificuldades, nesta temporada em que o espectro da descida de Divisão se torna maior do que a ambição para os dois lugares cimeiros.
Os varzinistas sabem do valor da sua equipa, em que praticamente não se nota grande diferença quando é necessário mudar de jogadores por lesão, doença ou por qualquer motivo táctico, como aconteceu no jogo com o Estoril com a lesão de Eliseu, a indisposição de Alexandre que o reteve no leito, ou com o golpe táctico que levou inicialmente Figueiredo a sentar-se no banco dos suplentes.
«Na luta de tácticas entre os dois Gonçalves (...) que o melhor seja, obviamente o Horácio, que é cá dos nossos»
E como sabem desse valor, mostram-se esperançados numa boa pesca de pontos no Mar da Cruz de Pau, em Matosinhos. Mas se as ambições não se concretizarem, não virá mal ao mundo, porque deve ser feito o desconto de que o jogo é no terreno de um assumido candidato à subida de Divisão; de que esse clube tem o treinador Rogério Gonçalves que já conhece os cantos à casa varzinista e como tal quererá mostrar serviço ante o clube que praticamente o lançou para as lides técnicas do futebol.
Além disso há que levar em conta que ainda há muito Campeonato pela frente e há que contar com contrariedades de vária ordem para tentar levar a água ao moinho.
Na luta de tácticas entre os dois Gonçalves, ambos com o nome ligado a altos cometimentos do clube varzinista, que ganhe o melhor.
E neste caso que o melhor seja, obviamente, o Horácio, que é cá dos nossos!
*Jornalista do Comércio da Póvoa e director do jornal «O Varzim», escreve habitualmente neste espaço às quintas-feiras

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