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O Varzim - Quanto renderam ao Varzim as saídas de jogadores da época transacta... e em que circunstâncias?
Lopes de Castro – O Varzim finalmente colocou-se no mercado como vendedor. Há aspectos interessantes a reter, como por exemplo, não aceitamos propostas firmes para atletas que entendemos serem importantes nos planos para a época em curso.
Vendemos os direitos desportivos do Ricardo e do Pedrinho à Académica, ficando o Varzim com 20 e 50 por cento, respectivamente. O montante em causa foi de 175.000 euros. Já o Bruno Miguel, vendemos 70 por cento do passe por 120.000 euros à União de Leiria. Já o Mendonça, que assinou pelo Belenenses, fê-lo naturalmente a custo zero, já que o atleta estava livre, mas dadas as boas relações entre as direcções do Varzim e do Belenenses, e como pagamento dos nossos préstimos junto do atleta, para que aceitasse assinar pelo clube de Belém, o Varzim ficou com 25% dos direitos desportivos.
V - Quais são os números reais do Varzim?
LC – Os números reais do Varzim podem ser extraídos do último relatório de contas. Quanto à época em curso e ao exercício económico que finda a 31 de Julho, naturalmente que serão vertidos para um relatório que será distribuído em Assembleia Geral. Genericamente, anulámos as dívidas que sistematicamente comprometiam o inicio da época desportiva, dividas a treinadores, jogadores e processos em tribunal.
Hoje respira-se melhor, embora a divida às Finanças ainda esteja em aberto.
Esta dívida é de natureza complexa, já que são reclamados valores que o Varzim entende estarem pagos, e enquanto não for totalmente esclarecido o montante em divida, corremos sempre o risco de ver penhorados bens ou receitas. Para acabarmos de vez com este assunto, demos inicio a um PEC (processo extrajudicial de conciliação), que será finalizado durante o mês de Setembro e que permitirá definitivamente sabermos quanto devemos à administração fiscal e como vamos pagar. Em principio em 60 prestações.
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Caso Paulo Ferreira: «Espero que o Varzim tenha razão»
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V - Há processos pendentes de dívidas a antigos atletas do clube (nomeadamente caso Paulo Ferreira que, segundo se sabe, ainda está por resolver)?
LC – Ainda temos dois casos de dívidas pendentes. Estão negociadas com os atletas e logo que tenhamos liquidez pagaremos. Neste intervalo de tempo pagámos dívidas em atraso, e a maioria não contabilizada, a várias dezenas de jogadores. O caso Paulo Ferreira é diferente, porque é reclamada uma importância a título de indemnização por despedimento indevido. Está marcado para Novembro o julgamento. Esperemos que o Varzim tenha razão, porque a verba reclamada é de 350000 euros, montante demasiado alto para qualquer tesouraria.
V – A subida é um objectivo realista este ano?
LC – O Varzim, em condições de normalidade, é sempre candidato à subida. Nas últimas épocas a preocupação central foi estabilizar o clube, dignificá-lo juntos das instituições do futebol, arrumar a casa em termos administrativos, pagar a quem se devia e olhar para dentro de casa na formação.
Respondendo à questão, transitaram 17 jogadores da última época, contrataram-se jogadores que, como veremos, serão uma mais valia no plantel, a equipa técnica é a mesma, então, só falta assumir.
Foi isso que fiz. É uma exigência da direcção aos jogadores e à equipa técnica.
Não nos podemos esquecer que nas épocas anteriores, a equipa teve o apoio incondicional dos sócios. Está na hora de retribuirmos aqueles que nos apoiam nos tempos difíceis, e de lhes darmos alegrias desportivas.
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V – E sente que toda a infra-estrutura do clube está preparada para dar esse passo?
LC - Nada melhor do que a estabilidade para se alcançarem resultados. Não são os orçamentos que fazem subir as equipas. Os resultados são reflexo da qualidade do trabalho que se desenvolve.
Se trabalharmos muito e bem, se não menosprezarmos os adversários, se conhecermos bem a equipa contra quem vamos jogar, se tivermos atitude, raça à poveiro, então poderemos vencer.
Em termos de organização, não ficamos atrás de ninguém. Temos um bom departamento médico, uma equipa técnica apoiada por observadores de jogos, temos a ligação com o futebol de formação sempre presente, temos um dirigente que acompanha permanentemente o futebol profissional. Por isso considero que estão reunidas as condições para uma boa época desportiva.
V – Quais serão os adversários/concorrentes do Varzim na corrida à Bwin Liga?
LC – Na Liga Vitalis os candidatos à subida são sempre muitos. Esta época temos um Vizela que se reforçou para atacar a subida, temos o Trofense que claramente aposta tudo na subida (veja-se as contratações que fizeram, praticamente todas com origem na Primeira Liga), temos o Beira Mar e o Aves, que desceram no ano passado mas essencialmente porque são clubes sem problemas de natureza financeira, o que permite se precisarem ir ao mercado em Janeiro procurar reforços para a segunda parte da prova. E finalmente, temos o Rio Ave que, não convém esquecer, não subiu na época passada nas últimas quatro jornadas.
Juntando a estes o Gondomar, o Estoril e o Santa Clara, pode-se dizer com propriedade que a Liga Vitalis é uma prova mais competitiva e com maior incerteza na tabela classificativa do que, por exemplo, a Bwin Liga.
Para esta prova resultar só falta aparecerem soluções de natureza financeira.
É um campeonato deficitário, sem receitas de publicidade, sem receitas de bilheteira, esmagado pela televisão, que nos brinda com jogos todos os dias da semana.
Ainda não foi desta que a tão propalada solução, que passou por dar o nome à competição de Liga Vitalis, resolveu o que quer que fosse. Pode-se dizer que não foram os clubes a beneficiar da sponsorização, já que vão receber a troco de 100 bilhetes por jogo, o montante de 7500 euros por época. Aguardam-se novos apoios, e que a distribuição das verbas seja feita de forma equilibrada e justa pelos clubes de futebol.
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«Plantel que começa, acaba a época»
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V – A estrutura da equipa será para manter até ao fim da época ou admite que seja necessário encaixar verbas com transacções de jogadores no mercado de Inverno? E nesse período, há possibilidade de ir às compras, se necessário?
LC – Em condições normais não iremos ao mercado. A nossa política de contratação está definida: plantel que começa, acaba a época. Temos sempre que salvaguardar motivos de força maior. Por exemplo lesões, que não são previsíveis, mas acontecem, veja-se a última época.
V – Qual é o ponto da situação do dossier ‘Varzim Estádio’?
LC – O processo foi interrompido porque um grupo de sócios interpôs uma providência cautelar. Da nossa parte nada mais podíamos fazer senão responder em tribunal e aguardar a sentença. Foi dada razão à Direcção e pensámos que os impugnantes ficariam esclarecidos depois de lerem a sentença.
Acontece que o sócio Vasco Graça Oliveira entendeu que o processo deveria continuar e recorreu da decisão, para um tribunal de instância superior. Que fazer? Aguardar novamente da decisão? Reiniciar o processo de aquisição dos terrenos? Penso que é por aí que devemos ir.
Próximo passo: comprar os terrenos, aguardar a aprovação do Plano de Pormenor e dar inicio de forma definitiva à construção do estádio e do centro de formação.
Aproveito para abordar esta questão por outro prisma: será que os impugnantes têm conhecimento de causa das condições de trabalho que diariamente centenas de jovens que praticam futebol no Varzim? Será que se darão ao trabalho de visitar o campo pelado e as instalações de apoio? Será que têm consciência do estado de degradação do nosso estádio? Será que se preocupam com a comodidade dos sócios? Será que se preocupam com a cidade? Última questão, será que se preocupam com o Varzim?
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Vasco Graça Oliveira deve explicações aos varzinistas
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V – Foi apresentada na última reunião magna de sócios uma proposta de irradiação do sócio Vasco Graça Oliveira. É de considerar esse desfecho?
LC – Na última Assembleia Geral alguns sócios colocaram à mesa a hipótese de irradiação desse associado. Imediatamente foram esclarecidos que o Varzim não tem regulamento disciplinar, logo não tem mecanismos para exercer qualquer irradiação. Mas também foram esclarecidos de que a Direcção se opunha a qualquer medida desse tipo. Da nossa parte, ficou claro que vamos dar continuidade ao processo, como até agora temos feito. Daremos todos os esclarecimentos ao Tribunal e sujeitamo-nos àquilo que a Justiça decidir. Não vamos deixar de fazer as coisas em tempo útil, e não nos amedrontamos com ameaças sob forma de comunicado.
A razão está do nosso lado e já era tempo do sócio Vasco Graça Oliveira, ele sim, explicar aos sócios do Varzim, o que quer com este recurso, e até onde pensa ir.
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