Homenagem a um Herói

Belmiro Marques Graça, verdadeiro Lobo do Mar

Mesmo passado já algum tempo desde o desaparecimento do Belmiro, não posso deixar de lhe fazer aqui pessoalmente uma homenagem, por se tratar de alguém por quem eu tinha bastante admiração. Lembro-me bem dele como jogador, apesar da minha tenra idade na altura: era sóbrio, humilde, discreto e cumpridor. Não era um fora de série, mas fazia o que tinha a fazer e sempre com uma garra notável. Era um daqueles que jogava à Varzim, no tempo em que todos em campo sabiam interpretar a verdadeira mística varzinista. Com ele, Miranda, Zé Maria e tantos outros em campo, mesmo nas derrotas saíamos do estádio a rebentar de orgulho pela dignidade e raça com que a nossa equipa se apresentava sempre. Naqueles meus primórdios de ir ao futebol, o Belmiro foi dos primeiros jogadores para quem olhei como exemplo de atitude e empenho, pois revia-me muito na sua garra e na sua sobriedade. Morreu como tantos outros homens que transportaram em si esse espírito tão característico das gentes da Póvoa e das Caxinas: no mar. Mas não num mar qualquer. Em pleno Inverno, ao largo da Bretanha, teve uma sepultura digna do Homem que foi e onde repousam tantos bravos pescadores como ele. Ali só os corajosos arriscam, ali só os destemidos pescam, ali só os Heróis morrem! O Homem partiu, ficou o exemplo. Paz à sua Alma!

O impiedoso mar da Bretanha num dia de Inverno