Aos 93 anos...

-

... certamente haverá muitas dezenas de varzinistas que se vão juntar esta noite no Casino da Póvoa.

Para alguns será uma festa. Para outros... creio que para a maioria... um momento de profunda reflexão sobre o que deverão ser os tempos mais próximos.

Dos discursos não estarão certamente afastados os assuntos que fazem a ordem do dia do clube: há salários em atraso (essa chaga terrível que ainda pode trazer-nos muitos problemas até ao fim da época), há um novo estádio para levantar, há todas as dificuldades naturais inerentes ao processo e depois (pasmemos todos) as que emanam de um grupo de oposicionistas da treta que de varzinistas têm muito pouco... e que querem, seja como for, impedir aquilo que me parece (e felizmente parece a muitos varzinistas) a única solução que garante o futuro do clube... e depois, há eleições em Janeiro próximo... e quer-me parecer que todas as dificuldades induzidas em torno deste dossier tão sensível não serão mera obra do acaso.

-

Receio muito que este nosso quase centenário clube tenha de voltar a conviver um dia com aqueles que estiveram a ponto de o implodir. E é bom que seja notado por todos que este texto não pretende ser nenhum manifesto faccioso e pessoal contra quem quer que seja. Mas evidências são evidências.

É claro que perante isto virão depois aqueles que me dirão que os exercícios desportivos e financeiros da actual direcção não são os melhores... e serão até piores quando comparados com os do executivo anterior.

A esses respondo que só alguém profundamente desonesto diria o contrário. Mas a esses mesmos digo que só alguém muito ingénuo acreditaria que, depois de todas as trafulhices com offshores e irrealismos orçamentais, o senhor que se seguia era o salvador da pátria e ia pôr tudo na ordem em três tempos.

Alguém faz ideia daquilo que o Varzim ainda hoje tem de pagar pela gestão ruinosa da anterior direcção? Poucos saberão... eu próprio admito o meu desconhecimento.

Isto revela uma característica muito portuguesa de gerir tudo no nosso país: alguém que assume a liderança, investe, gasta e desbarata... fracassa e deixa uma herança terrível a quem entra de novo.

Daí que, em bom rigor, eu não esteja admirado ao ver que o défice das contas do Varzim é maior do que quando Lopes de Castro assumiu funções.

E julgo que, a bem do debate sério, era necessário que todos esses dados fossem colocados em cima da mesa antes de todas as críticas... muitas delas tão gratuitas que roçam os limites do ridículo.

Mas o dia é de festa e o futuro é já amanhã. E porque o amanhã se afigura difícil, por causa de todas as conjunturas pouco risonhas, é preciso pôr mãos à obra e fazê-lo com a consciência de que nada disto será fácil.

E isso exige um trabalho de conjunto em três frentes essenciais: direcção e equipa, adeptos e poder político. A Câmara tem de ser mais interventiva no apoio ao clube, tem de ver no Varzim um elemento estratégico decisivo para divulgação da nossa terra, tem de acarinhar o projecto mais do que aquilo que faz. Porque eu sei que pode. Ter um logótipo da cidade que diz 'É bom viver aqui' sabe a pouco. É preciso acções... mais do que apenas boas intenções ou bonitas palavras a dizer que o Varzim tem de ser a Póvoa inteira.

Vejam o exemplo do rival aqui do lado. O apoio da Câmara de Vila do Conde ao Rio Ave é incondicional e generoso. Vejam onde eles estão... vejam onde nós estamos. Vejam o que eles fazem... e vejam o que aqui se faz.

O Varzim precisa da Póvoa... de toda a Póvoa... do cidadão poveiro, fervoroso varzinista... até às mais altas instâncias do poder local.

O Varzim precisa da Póvoa hoje, muito mais do que naqueles tempos gloriosos da década de 80 em que andávamos na primeira divisão e não eram necessários os tais jogos de cartaz para encher o estádio.

Hoje é dia de festa! O Varzim é daqueles clubes que, quis a história, tem a sorte de estar de parabéns duas vezes ao ano. Em Dezembro e em Março... sempre a 25.

Que viva muitos e longos anos...

-

ALA ARRIBA PELO VARZIM E PELA PÓVOA!!!... porque estar ao lado do clube é também uma forma de amar esta terra que tão bem queremos.

-