Greve ao treino por causa dos salários em atraso

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Quando na última noite fazia uma ronda final pelas notícias sobre o Varzim, deparei-me com algo verdadeiramente preocupante.

Lia-se no site da Rádio Mar que "Com três meses de salários em atraso no plantel profissional, os jogadores recusaram-se a treinar esta manhã e estiveram reunidos no balneário a discutir o problema. A direcção do clube prometeu pagar, esta semana, um dos três vencimentos em atraso, mas, entretanto, isso não irá acontecer e os jogadores perderam a paciência.

A Rádio Mar sabe que há situações muito complicadas no plantel, principalmente entre os atletas que moram fora da Póvoa e que já não têm dinheiro para se deslocarem aos treinos. Quando faltam cerca de dois meses para o final da época, a situação é insustentável e os jogadores ponderam tomar uma posição mais dura, caso o problema não seja resolvido nos próximos dias.

Contactado pela Rádio Mar, o presidente da direcção, Lopes de Castro reconheceu a existência de salários em atraso, mas garante que "estão a ser procuradas soluções em várias frentes" e que a época desportiva irá terminar com a situação regularizada".

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Alexandre garante que há jogadores em dificuldade (som: Rádio Mar)

A notícia é de ontem... mas o problema é de sempre. E por mais que a direcção tente dizer que não, é verdade que o rendimento da equipa se ressente porque não há motivação que resista para alguém que anda a dar o seu melhor e sabe que no fim do mês não recebe a merecida compensação.

Mais, a Rádio Mar refere (e eu acredito) que há situações bastante complicadas, mas pergunto-me se será indicado tomar posições mais duras.

O que é isso de posições mais duras? Greve aos jogos? Não estou a ver nada mais duro do que isso mas também não me parece que a solução passe por aí. O Varzim não é o único clube da Liga Vitalis com salários em atraso. Há outros na mesma situação e com uma coesão e um desempenho irrepreensíveis.

Na Liga principal temos o caso do Estrela da Amadora e veja-se o que andam a fazer... uma razoável carreira no campeonato e a presença nas meias finais da Taça de Portugal.

É evidente que para os jogadores do Varzim, esta argumentação é um fraco consolo e é também evidente que é muito mais fácil para quem fala de fora.

Por isso é que a situação tem de ser rapidamente resolvida. A direcção tem obrigações fundamentais às quais não pode virar a cara.

Eu percebo que há dificuldades de cobrança, sei que há verbas devidas ao Varzim que ainda não foram pagas.

Mas estamos a chegar a um ponto (se é que já não chegamos mesmo) em que a coisa já não vai lá com conversas de balneário entre direcção, treinadores e atletas.
Estamos a oito jornadas do fim do campeonato e, por mais incrível e difícil que a subida de divisão possa parecer, ainda há quem acredite.

O que os adeptos pedem é que haja raça, atitude nos jogos, espírito de sacrifício por parte dos jogadores.

À direcção exigimos que resolva rapidamente o problema no mais curto horizonte de tempo possível.

Até por uma questão de viabilidade futura do Varzim: está na forja o regulamento da Liga que impede os clubes de se inscreverem na época seguinte se tiverem salários em atraso em Maio. Olhando à realidade do Varzim, se isso passar na Assembleia Geral da Liga (o que é altamente provável), poderemos estar em péssimos lençóis.

E embora eu considere que a medida é radical, não posso deixar que tem a sua razão de ser, numa altura em que se pretende credibilizar o futebol no nosso país.

Mas uma coisa é certa: poderemos também assistir ao desaparecimento de muitos emblemas dos dois principais campeonatos portugueses.

É esta reflexão à qual todos somos convocados.

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