segunda-feira, dezembro 07, 2009

Dilúvio condenou o espectáculo

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'Um morto e dois feridos graves. É o resultado do encontro entre Varzim e Carregado este domingo na Póvoa de Varzim'.
A frase é apenas uma metáfora mas, no limite, espelha uma realidade fria e cruel como a tarde de ontem.
O morto é, sem dúvida, o jogo jogado que, nas condições em que o terreno se encontrava, não foi futebol, mas antes uma autêntica batalha aquática. Sem beleza, sem desenho táctico que resistisse. Apenas força e sorte, muita sorte!
Os dois feridos graves são o Varzim e o Carregado que, 90 minutos volvidos e com um empate no marcador, continuam sem descolar dos últimos lugares da tabela.
Apesar das limitações impostas pelo relvado e pelas condições meteorológicas, ambas as equipas deram o melhor possível. E neste particular, quero sublinhar a entrega abnegada dos jogadores do Varzim. Na última semana, o clube conheceu mais um episódio da pouca vergonha dos salários em atraso. A instabilidade é notória, fala-se em rescisões e greves, enquanto a direcção continua a alimentar um silêncio perturbador sobre esta matéria... e a obrigar os atletas a remeterem-se ao silêncio sobre o assunto, depois da posição pública manifestada na passada quinta-feira e que, obviamente, não agradou nem um pouco ao presidente Lopes de Castro.
Pois bem, em face disso, entrou em vigor a lei da rolha: alegadamente (embora não o admita) a direcção não quer que os jogadores voltem a tocar no assunto (sabe-se lá quais as consequências da 'prevaricação') enquanto o prazo de dia 11 vai caminhando para o fim.
E entretanto, o nosso Varzim vai ficando conhecido de norte a sul do país como o clube em que os jogadores se alimentam de pão, água e bolachas porque não recebem praticamente desde o início da época. Sinto vergonha, muita vergonha por tudo isto. Vergonha por ver que quem deve, pelo menos, uma satisfação aos rapazes por tudo o que se está a passar opta por fechar-se em copas ou dizer que não cede a pressões nem a discursos que têm feito escola nos últimos tempos.
E, naturalmente, também o plantel sente vergonha por ser obrigado a expor-se desta maneira. Mas a atitude em campo contraria tudo isso. Atendendo a todas as condicionantes, temos uma equipa de campeões, de verdadeiros profissionais e temos uma massa associativa que, na verdade, é mesmo do melhor que há. Ontem lá estiveram cerca de 600 pessoas no estádio, a maioria apinhadas na bancada norte (por força da interdição parcial da bancada central e de todo o topo sul), a tentar proteger-se o mais possível da chuva e do vento.
O momento do golo de André André foi fantástico: senti-me invadido por uma alegria e um orgulho indescritíveis, por ver que - mesmo num período tão complicado - a equipa quer dar aos adeptos motivos para sorrir. E o efeito desse lance foi notório. A equipa desinibiu-se, a ansiedade foi-se esbatendo e a vantagem até podia ter sido alargada. Veio o intervalo e o 1-0 sabia a pouco.
Durante o período de descanso choveu o suficiente para dar cabo do que restava do terreno de jogo. E o Carregado chegou ao empate num lance de pura felicidade... um remate forte e rasteiro com a defesa apanhada em contra-pé.
Ainda com tempo para contrariar a igualdade, o Varzim voltou a assumir as despesas do jogo, mas as dificuldades impostas pela lama não o permitiram.
Nota ainda para o mau juizo do árbitro da partida ao não marcar um penalti, para mim, nítido sobre Bruno Moreira (o avançado viu o amarelo por pretensa simulação) e uma outra falta evidente sobre Mendes, cuja sanção foi exactamente a mesma.
Pena foi que o #8 do Carregado não tivesse merecido o mesmo tratamento quando fingiu estar inanimado sobre o terreno para, minutos depois, voltar ao jogo fresquinho como uma alface. Puro e lamentável anti-jogo numa altura em que o Varzim pressionava e merecia inteiramente a vantagem no marcador.
Para a história fica o empate, uma posição difícil na tabela, um dia a dia difícil de gerir e uma complicada deslocação a Fátima na próxima semana.
Haja fé!
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4 comentários:

Anónimo disse...

varzim: o clube das bolachas...tristeza

Anónimo disse...

AverOmar
Para quem viu o jogo permanece uma duvida. O terreno estava em condições de jogar? Já agora, a Liga interditou a bancada Sul do estádio? Porquê? Será que a segurança vai ser a bandeira da Liga a partir de agora? E os outros estádios?

Anónimo disse...

A Liga Interditou o partes do estadio mas estava algum delegado da liga ontem ?

Equipas na primeira parte com equipamentos iguais ?

Relvado completamente inundado ?

Luz do estadio ?

Anónimo disse...

Não sei o que é preciso mais para se cancelar uma partida de futebol...

Futebol? Mas alguém estava a espera de ver futebol?

O Varzim porque tem ainda assim melhor equipa e jogo do que o carregado foi a equipa mais prejudicada...