Liga Vitalis - 28.ª jornada
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Vinha eu ainda a recompor as cordas vocais depois de festejar a vitória em Vila do Conde quando entrei no carro e ouvi a mais bizarra das análises ao jogo.
Um nervoso e impreparado João Eusébio atreveu-se a dizer que «o empate seria um resultado mais justo» porque «o Varzim foi um adversário que jogou no erro do adversário».

Não me lembro que Diamantino Miranda (à data treinador do Varzim) ou mesmo nós na nossa crónica tenhamos feito a análise facciosa e desonesta.
Lembro-me mesmo que considerámos, como ainda hoje dizemos, que o Rio Ave tem uma das melhores, senão mesmo a melhor equipa do campeonato. A verdade é que o técnico do Rio Ave já não consegue esconder o nervosismo que decorre do receio de um eventual ataque dos 'fantasmas' do passado... leia-se o possível falhanço da subida na recta da meta. É que os melhores também falham... e foi exactamente isso que aconteceu.
Mas isso é problema deles.
Quanto a nós, as contas estão resolvidas. Não ao nosso gosto... isso já sabemos há muito, mas a verdade é que garantimos a tranquilidade num jogo que sabíamos que era difícil.
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Sempre melhores durante os 90 minutos
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O Varzim foi sempre mais forte e mais esclarecido. De trás para a frente, Bruno Conceição voltou a dar nas vistas pela segurança que denotou nos momentos mais difíceis, principalmente na segunda parte, quando os vilacondenses tentaram incomodar com mais insistência... mas sempre sem sucesso. Na defesa, conjugaram-se a experiência de Alexandre e a juventude do emergente Neto. O resultado foi soberbo: o último reduto alvi-negro demonstrou uma solidez inabalável, complementado pela acção de dois centrais de raíz, adaptados à posição de laterais. Pedro Santos à direita e Nuno Gomes à esquerda não inventaram, mas também não comprometeram.
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Mas foi no meio campo operário que se desenhou o caminho para o sucesso: Tito foi sem dúvida o melhor de todos e o melhor em campo... não apenas pelo golo que apontou (mais do que merecido) mas pela luta que entregou ao jogo; Malafaia, que tem vindo a melhorar significativamente as exibições nos últimos tempos esteve também endiabrado. Dos pés dele saiu, de resto, o primeiro aviso de que as coisas iriam correr mal aos da casa: ainda na primeira parte, pouco antes do intervalo, o #16 atira em jeito uma bola de livre em posição semifrontal à trave da baliza de Paiva... Ukra ainda tentou desviar de cabeça para dentro mas o golo passou escassos centímetros por cima.
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Às aranhas no início da segunda parte
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Depois do descanso, o Rio Ave fez tudo para contrariar o que os forasteiros construíram de positivo no primeiro tempo.
A equipa de João Eusébio teve principalmente em Chidi um elemento desequilibrador. Pela direita ou pela esquerda, o nigeriano foi uma dor de cabeça para os corredores alvi-negros.
Por duas vezes, Bruno Conceição foi obrigado a intervenções apertadas (60' e 67') e nesse sentido pouco faria prever que o golo alvi-negro surgisse tão rapidamente, apesar dos avisos da primeira parte.
Foi em contra-ataque: Emanuel, que entrou a substituir Nuno Rocha, combinou de forma fantástica com o cérebro Marco Cláudio que viu a janela de oportunidade para Tito que de primeira, e sem piedade, fuzilou para Paiva ir buscá-la lá dentro.
A superior descoberta veio abaixo! Com cerca de 5000 adeptos no estádio do Rio Ave, metade seriam seguramente varzinistas... pois terão sido certamente mais de 2000 gargantas a gritar bem alto o golo alvi-negro.

Foi o momento decisivo do jogo: o Rio Ave partiu-se por completo e viu a vida ainda mais complicada com a expulsão do lateral esquerdo Rogério Matias na sequência de uma mão na bola (um erro infantil) que lhe custou o segundo amarelo e consequente vermelho.
As evidências gelaram a festa presunçosa de uma boa parte dos rioavistas que estavam convencidos que aquilo ontem eram favas contadas.
(perdoem-me este excerto da crónica mas agora vou até ao fim) Não digo isto porque queria que o Varzim estragasse a festa do Rio Ave só porque é o rival.
Mas porque durante a semana fui seguindo o fervilhar do derby na blogosfera e vi muito impropério e muito insulto dirigido a um Varzim, chacotado por estar depauperado, enxovalhado por não ter conseguido a subida de divisão.
Vi mesmo apelos a uma onda verde que ia invadir cafés da Póvoa e de Vila do Conde para nos mostrar como é que se enche estádios e tal e coisa (mas qual onda verde? a onda verde foi o que eles mostraram ontem contra o Varzim? Risível...)... e tudo e tudo e mais... mas isto não é de agora.
Houve um certo blog de rioavistas sem crédito nenhum, cuja crónica do jogo entre Varzim e Rio Ave da primeira volta foi puro gozo do início ao fim com excertos da crónica do Preto No Branco.
Toda essa atitude reprovável que nós não tomamos, mas que constatamos e registamos, resume-se numa palavra: ARROGÂNCIA!
Uma arrogância que eles agora estão a engolir a seco.
Podem até subir já na próxima semana... mas a preocupação de terem de fazer continhas de cabeça ou de terem de ganhar já no próximo jogo ninguém lhes tira.
Vamos a ver se conseguem!
Quanto a nós, temos a final da Liga Intercalar...
VENHA O BRAGA!
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Foto: Varzim SC
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