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-Para resolver esta eliminatória da Taça da Liga, a receita para a segunda mão é tremendamente simples: marcar três golos e não sofrer nenhum. De preferência chegando ao intervalo com a eliminatória já empatada.
Dito desta forma é fácil. O difícil vai ser conseguir executar a missão com sucesso.
Não porque o Fátima seja uma equipa fora de série (não é... e não é mesmo... apesar de ostentar com todo o mérito o título de campeão da II Divisão Nacional), mas porque vai chegar aqui à Póvoa e vai jogar com o autocarro, o comboio, mais toda a praça de táxis lá da terra à frente da sua baliza. Porque alcançou uma confortável vantagem de 2-0 e só a conseguiu porque, efectivamente, o Varzim esteve bastantes furos abaixo do que era esperado.
Sobretudo, depois de uma pré-temporada com alguns duelos interessantes... lembro por exemplo os dois jogos com o Gil Vicente, a apresentação frente ao Marítimo ou até mesmo a despedida dos encontros de preparação em Ribeirão. Por tudo isso, e pelo facto da semana de trabalho anterior a este encontro ter sido altamente proveitosa, se estranha o resultado e a exibição em Fátima, sobretudo na segunda parte.
Porque na primeira etapa (a jogar contra o forte e condicionante vento), o Varzim ainda conseguiu beneficiar de algumas situações de perigo, fruto do empenho inexcedível do - cada vez mais - influente Gonçalo Abreu que, chegou a ter o golo nos pés, num remate cruzado da direita que razou o poste esquerdo da baliza caseira... estaríamos mais ou menos a meio da primeira parte e foi a grande oportunidade para os poveiros inaugurarem o marcador.
Mas para além dessa situação mais flagrante, ficaram na retina outros lances de ataque extremamente interessantes, em que o Varzim demonstrou superioridade, inteligência táctica, imaginação e qualidade de jogo... e ainda a substituição precoce de André André por lesão (poderá também ter sido um factor determinante para que a equipa tivesse baixado de rendimento).
Veio o intervalo e um justo 0-0 no marcador, apesar de um ligeiro ascendente do Varzim.
Confesso que à entrada para o segundo tempo tinha a expectativa de ver a turma poveira finalmente a superiorizar-se (como seria até natural), tirando até partido da ajuda do vento que tão traiçoeiro foi ao longo dos primeiros 45 minutos.
Mas foi o Fátima quem dominou a etapa complementar em toda a linha. O Varzim foi uma perfeita nulidade. A negação completa do rendimento demonstrado no primeiro tempo.
O técnico da turma da casa leu a estratégia varzinista como um livro aberto e tirou partido das (habituais) lacunas defensivas. E sem mais demoras, chegamos ao momento do primeiro golo: um exemplo eloquente da desconcentração do último reduto poveiro. Mandam os livros que quando um defesa central intercepta um cruzamento, se não souber o perigo que pode decorrer de um eventual facilitismo, despacha a bola para onde estiver virado e não inventa. Mas isso é nas situações em que tal procedimento se impõe.
Pois bem, ao cortar um cruzamento bem medido da esquerda, o jovem e promissor Neto podia ter desviado a bola de cabeça para longe da área. Tinha tempo e espaço para o fazer. Ao invés, desviou a bola pela cabeceira e cedeu canto ao Fátima.
Desnecessário, digo eu! E pior: foi o lance que deu mesmo o primeiro golo aos da casa, fruto da apatia da defesa que deixou Nuno Sousa saltar à vontade no primeiro poste para fuzilar o indefeso Carlos Marafona. E aqui abro um parêntesis, correndo o risco de ser mal interpretado e criticado pelos puristas que defendem a utilização de jovens da formação seja a que custo for: na minha opinião, Luís Neto é um atleta com muito valor, tem todas as potencialidades para um dia poder vir a ser o patrão da defesa do Varzim. Mas, sinceramente Prof. Eduardo Esteves permita-me a franqueza: julgo que o Pica, um central mais velho, mais experiente, agressivo q.b e aplicado, com mais quilómetros e minutos nas pernas seria a escolha mais indicada para fazer a parelha com o capitão Pedro Santos. O erro de Neto foi um erro de principiante. Evidentemente não foi intencional... mas aconteceu. E como ontem aconteceu, pode acontecer mais vezes. Não é altura de fazer experiências. É altura de ganhar jogos, de apresentar uma defesa sólida aos nossos oponentes. Não foi isso que aconteceu em Fátima.
Mas também defendo que o Neto merece uma segunda oportunidade para mostrar o que vale. Eu sei que ele sabe que consegue fazer melhor. E vai consegui-lo já no segundo round diante do Fátima.
Parêntesis fechado. O tento inaugural da equipa da casa foi um balde de água gelada para os poveiros que deslocaram ao Municipal de Fátima, mas valha a verdade que - sem ter que fazer muito - o campeão nacional da II Divisão até merecia a vantagem... bem mais que o Varzim que nunca esboçou uma verdadeira reacção à desvantagem. Uma evidência tão mais preocupante se atendermos ao simples facto de que, no segundo tempo, os poveiros não produziram uma única situação de verdadeiro perigo.
Até que o árbitro Luís Reforço decidiu inventar nova regra para o futebol de 11: atirar-se para o chão dentro da grande área a guinchar dá direito a penalty. Pois bem, em observância a essa limitação do juíz da partida, o oportunista (e, por acaso, homem do jogo) Nuno Sousa protagoniza um número de circo digno de matiné e decide mergulhar na relva.
Como o jogador do Varzim mais próximo era Pedro Santos, toca de mostrar o amarelo ao rapaz e apontar veementemente para a marca dos 11 metros. Nelson Ramos cumpriu o seu papel e disparou mortalmente... salvo seja.
Eu só tenho pena que outros lances eventualmente passíveis de grande penalidade a favor do Varzim tenham escapado à apreciação de Sua Eminência... mas o futebol é assim. E nós por cá, já nos habituámos a esses atentados.
Depois disso o jogo terá demorado pouco mais de 10 minutos e acabou com um 2-0 que não digo que seja completamente injusto.
Só peca pela forma como foi alcançado. Pela porta do cavalo.
Mas Sábado que venham eles. Estou plenamente convencido que vamos ganhar.
Porque temos equipa para isso e já o provámos ao longo dos jogos de preparação.
Só temos que estabelecer um objectivo preciso: marcar dois não chega. Depois disso, o que vier a mais é lucro.
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A ELES RAPAZES!!!
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